TIRANDO DÚVIDAS: DIREITOS DE QUEM TEM TDAH
Diariamente
muitos e-mails chegam à ABDA em busca de respostas sobre direitos das pessoas
com TDAH no Brasil.
Vamos tentar neste post, esclarecer da melhor maneira possível, este tema.
BRASIL – LEGISLAÇÃO DE ÂMBITO
NACIONAL
Depois de muito
empenho e dedicação de várias pessoas e entidades, com o protagonismo da ABDA,
foi aprovada em novembro de 2021 a Lei 14.254. Essa
lei dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento do TDAH e Dislexia na educação
básica. A lei estabelece que as escolas devem assegurar aos alunos com TDAH e
Dislexia acesso aos recursos didáticos adequados ao desenvolvimento de sua
aprendizagem, e que os sistemas de ensino garantam aos professores formação
própria sobre a identificação e abordagem pedagógica.
Para ler a Lei Federal 14254 na íntegra clique no link https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.254-de-30-de-novembro-de-2021-363377461
A
ABDA participou desde a elaboração do texto do projeto de lei original, e, a
Associação acompanhou de perto o trâmite de todo processo, durante os mais de
10 anos em que o projeto tramitou entre a Câmara dos Deputados e o Senado.
Finalmente, em 2021 o projeto de lei foi aprovado no Congresso Nacional e a lei
foi sancionada pelo Presidente da República.
QUAL O PRÓXIMO PASSO PARA QUE A
LEI SEJA IMPLEMENTADA?
O próximo passo é a regulamentação da Lei, sob a responsabilidade e coordenação dos
Ministérios da Saúde e da Educação. Com base no texto da Lei as áreas técnicas
dos Ministérios devem descrever ações, estratégias e programas para que
efetivamente os Estados e Municípios possam implementar a lei da melhor forma.
Ou seja, neste contexto deverá ser desenvolvido um Plano Nacional de
acompanhamento integral para crianças e jovens com TDAH e Transtorno Específico
de Aprendizagem (Dislexia), na educação básica.
O envolvimento dos
Ministérios se justifica, porque há um componente sob responsabilidade da
Saúde, e outro da Educação. A atuação do Ministério de Saúde se refere a
estabelecer o fluxo e discussões sobre como articular as equipes para o
diagnóstico e o tratamento ou intervenção terapêutica dessas crianças e jovens.
E quanto ao Ministério
de Educação, cabe orientar as redes de ensino em identificar os possíveis
sinais de dificuldades de aprendizagem que podem estar presentes tanto na
criança com TDAH como nos transtornos específicos de aprendizagem. Além disso,
a formação dos professores da Educação básica deve conter informações de como
fornecer apoio pedagógico e adaptações educacionais quando necessário.
A
ABDA segue atenta acompanhando estas discussões e participando sempre que
solicitada.
O QUE JÁ EXISTE EM TERMOS DE
LEGISLAÇÃO NOS ESTADOS E MUNICIPIOS?
Existem leis estaduais
e municipais, que podem ser acessadas:
Clique aqui para ver tosas leis em tramitação ou já sancionadas no
Brasil: https://tdah.org.br/wp-content/uploads/TABELA_DE_LEIS_ATUALIZADA_junho22.pdf
A Lei Estadual nº
3112/2015 (AC) dispõe sobre a identificação, o diagnóstico, acompanhamento
integral e atendimento educacional escolar para estudantes da educação básica
com TDAH e foi aprovada em 29 de dezembro de 2015. Além disso, a Lei Estadual
nº 2954/2014 (AC) foi responsável por instituir a Semana de Informação e
Conscientização sobre o TDAH, aprovada em 14 de janeiro de 2014.
No Amazonas:
A Lei nº. 4.790/2019
(AM) dispõe sobre as medidas a serem adotadas para identificar, acompanhar e
auxiliar o aluno com TDAH e/ou dislexia nas redes pública e privada de ensino
do Estado do Amazonas e dá outras providências. Esta lei foi aprovada em 27 de
fevereiro de 2019. Na cidade de Manaus a Lei Municipal nº 2260/2017 (Manaus –
AM) dispõe sobre as medidas a serem adotadas para identificar, acompanhar e
auxiliar o aluno com TDAH e/ou Dislexia nas redes pública e privada de ensino
do Município de Manaus e foi aprovada em 04 de dezembro de 2017.
No Espírito Santo:
A Lei nº 11076/2019
(ES) estabelece que as unidades escolares públicas e privadas, no âmbito do
Estado do Espírito Santo, ficam obrigadas a disponibilizar em suas salas de
aula assentos na primeira fila aos alunos com TDAH, assegurando seu
posicionamento afastado de janelas, cartazes e outros elementos possíveis
potenciais de distração. APROVADA em 25 de novembro de 2019.
No Distrito Federal:
A Lei Estadual nº
5310/2014 (DF) Dispõe sobre a educação especial e o atendimento e
acompanhamento integral aos estudantes que apresentem necessidades especiais
inclusive TDAH aprovada em 19 de fevereiro de 2014.
Em Goias:
Lei Municipal nº
712/2012 (Pirenópolis-GO) dispõe sobre as medidas para a identificação e
tratamento da Dislexia e do TDAH nas redes pública e privada do município e
aprovada em 09 de julho de 2012.
Em Minas Gerais:
A Lei Municipal Nº
10133/2011 (BH-MG) cria o Programa de Promoção da Aprendizagem – PROAP,
abrangendo os Distúrbios de Aprendizagem, inclusive TDAH e foi aprovada em 18
de março de 2011.
No Paraná
A Lei Estadual
2009/2019 estabelece o Dia Estadual e a Semana Estadual de Conscientização
sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a ser
realizado no dia 19 de setembro. Apesar da lei não tratar de apoio educacional
ao TDAH diretamente, o seu objetivo é de informar a população sobre a
necessidade do diagnóstico precoce do TDAH, bem como sobre as estratégias e
possibilidades de tratamento.
No Rio de Janeiro
A Lei Estadual nº
6308/2012 (RJ) institui a Semana Estadual de Informação e Conscientização sobre
o TDAH que foi incluída no Calendário Oficial de Eventos do Estado do Rio de Janeiro.
A Lei Estadual nº 7354/2016 (RJ) institui o programa e diagnóstico e tratamento
do TDAH, no estado do RJ, aprovada em 15 de julho de 2016. Enquanto a Lei
Estadual nº 8192/2018 (RJ), aprovada em 04 de dezembro de 2018, dispõe sobre a
obrigatoriedade das escolas públicas e privadas, no âmbito do Estado do Rio de
Janeiro, a disponibilizarem cadeiras em locais determinados aos alunos com
TDAH.
No Rio Grande do Sul
A Lei Municipal nº
4165/2013 (Viamão – RS) aprovada em 06 de dezembro de 2016 dispõe sobre as
diretrizes adotadas pelo município para orientação a pais e professores sobre
as características do TDAH e encaminhamento pela diretoria da escola para o SUS
para diagnóstico. E a Lei Estadual nº 15212/2018 (RS) Institui a campanha
estadual de informação s/o TDAH e a dislexia na educação básica e dá outras
providências. APROVADA em 25 de julho de 2018.
Em Roraima:
A Lei Municipal n°
1.847/2018 aprovada no município de Boa Vista assegura que as escolas públicas
e privadas promovam medidas para auxiliar professores, coordenadores e
diretores para identificar, acompanhar e auxiliar o aluno com TDAH.
Em Santa Catarina:
Lei Estadual nº
15113/2010 (SC) trata da implantação do Programa de identificação e tratamento
do TDAH no Estado de Santa Catarina, aprovada em 19 de janeiro de 2010.
ENEM – EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO
Há alguns anos, o ENEM
contempla uma hora a mais de prova e uma sala separada, para os alunos com
TDAH. Esta decisão foi do próprio ENEM, e não está pautada em uma legislação
específica.
Em função da postura
do ENEM, abriu-se um precedente, e algumas Escolas e Universidades, também
aderiram a este modelo.
JURISPRUDÊNCIA – TDAH É DEFICIÊNCIA?
Os juristas têm se
apoiado na Constituição Federal, Artigo 5º, ECA – Estatuto da criança e do
adolescente e DUDH – Declaração Universal dos Direitos Humanos (carta a qual o
Brasil é signatário).
Toda esta legislação
citada, tem apoiado as decisões jurídicas favoráveis, e portanto há
jurisprudência.
O
TDAH não é considerado deficiência, e sim uma disfunção (disfuncionalidade). Os estudos científicos comprovam que pessoas com
TDAH diagnosticadas e tratadas adequadamente não são incapazes de desempenhar
as suas atividades sociais, acadêmicas e laborais.
Todavia, enquanto a
lei específica ainda não é regulamentada, alguns juristas se apoiam também no
Estatuto das pessoas com deficiência, com base na lei da ‘similaridade’.
Conceito de Deficiência: ”Toda perda ou anomalia de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano” (Decreto
3.298/99)
Conceito de Disfunção: Que
não funciona corretamente; cuja função se apresenta prejudicada. A pessoa com TDAH é
disfuncional, ou seja, tem mais dificuldade para realizar determinadas tarefas,
mas não é incapaz, portanto, não é deficiente.
Como já falamos, o
TDAH não é deficiência, pois não é incapacitante. As pessoas com TDAH são
disfuncionais, ou seja, têm mais dificuldade em realizar algumas atividades,
mas não são incapazes de realizá-las.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA
A publicação da Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (BRASIL, LBI – Lei nº 13.146,
de 6 de julho de 2015) aponta em seu Artigo 5º. as diretrizes que podem
beneficiar as crianças e adolescentes com TDAH.
O processo mencionado no art. 14º. desta Lei baseia-se em
avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e potencialidades de
cada pessoa, observadas as seguintes diretrizes:
·
I – diagnóstico e intervenção precoces;
·
II – adoção de medidas para compensar perda ou limitação
funcional, buscando o desenvolvimento de aptidões;
·
III – atuação permanente, integrada e articulada de políticas
públicas que possibilitem a plena participação social da pessoa com
deficiência;
·
IV – oferta de rede de serviços articulados, com atuação
intersetorial, nos diferentes níveis de complexidade, para atender
ànecessidades específicas da pessoa com deficiência;
·
V
– prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com deficiência,
inclusive na zona rural, respeitadas a organização das Redes de Atenção à Saúde
(RAS) nos territórios locais e as normas do Sistema Único de Saúde (SUS).
DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE
DIREITOS DO TDAH
Na
Escola:
Não existe cotas para
pessoas com TDAH
Não existe aprovação
escolar compulsória para crianças com TDAH
Não existe média
escolar diferenciada para aprovação das pessoas com TDAH
Pode
haver adaptações pedagógicas especificas para potencializar o aprendizado de
crianças com TDAH, como oferecer mais tempo para realizar a prova e espaços
reservados.
A Constituição Federal
oferece a garantia de que nenhuma escola pode recusar um aluno, na educação
básica (Ensino fundamental, Ensino Médio) e Ensino Superior.
No trabalho:
Não existe cotas para
pessoas com TDAH
Algumas poucas
empresas aceitam adequar-se às necessidades das pessoas com TDAH, mas no Brasil
ainda são poucas, e não é obrigatório por Lei.
Não é possível pedir
aposentadoria precoce por causa do TDAH.
Na saúde:
Os medicamentos para
TDAH NÃO estão na lista de medicamentos obrigatórios do governo.
Não existe nenhuma
política de saúde pública, específica para o TDAH.
Vida em geral:
Não existe isenção
fiscal para aquisição de automóveis, casas etc., para pessoas com TDAH ou para
seus familiares.
Não existe auxílio
financeiro governamental para pessoas com TDAH, nem para seus familiares.
Fonte:
Publicado por Iane Kestelman | jun 9, 2022 | Dicas sobre TDAH, Sem categoria
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