Por Neurosaber Data de publicação16/11/2021
Segundo o DSM-5 — Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais — o autismo é um transtorno do
neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social,
comunicação e comportamentos repetitivos e restritos.
O Transtorno do Espectro Autista, TEA, possui essas três características que são essenciais para o diagnóstico. Ainda que os sintomas variem de acordo com cada caso, esses elementos são determinantes para realizar o diagnóstico de autismo.
Antes dos três anos de vida os sinais de TEA já
podem ser percebidos. No entanto, muitas crianças ainda são diagnosticadas
tardiamente, seja por desinformação ou resistência da família e dos médicos. O
DSM-5 estabelece critérios que facilitam o diagnóstico precoce e o tratamento.
Iremos explicar mais sobre isto neste artigo.
O diagnóstico de autismo segundo o DSM-5
A nova classificação do DSM-5 (2013) trouxe
mudanças significativas nos critérios diagnósticos do autismo, ampliando a
identificação de sintomas e dando ênfase na observação do desenvolvimento da
comunicação e interação social da criança.
A nova descrição facilitou a compreensão dos
sintomas do autismo, seja por profissionais ou pelos familiares. O diagnóstico
precoce é fundamental para que as melhores intervenções sejam realizadas.
Critérios
diagnósticos de autismo no DSM-5
1. Inabilidade persistente na comunicação social,
manifestada em déficits na reciprocidade emocional e nos comportamentos não
verbais de comunicação usuais para a interação social. Também podem demonstrar
dificuldades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos em
contextos sociais diversos.
2. Padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses ou atividade, manifestados por movimentos, falas e
manipulação de objetos de forma repetitiva e/ou estereotipada, insistência na
rotina, rituais verbais ou não verbais, inflexibilidade a mudanças, padrões
rígidos de comportamento e pensamento; interesses restritos e fixos com
intensidade; hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais e interesses
muitas vezes incomuns por luzes e movimentos, por exemplo.
3. Os sintomas devem estar presentes no período de
desenvolvimento, em fase precoce da infância, mas podem manifestar-se com o
tempo, de acordo com as demandas sociais excedam as capacidades
limitadas.
4. Todos esses sintomas causam prejuízos
significativos no funcionamento social, profissional e em outras áreas da vida
da pessoa com autismo.
Níveis
de gravidade do TEA de acordo com o DSM-5
Nível 1 — Leve
As pessoas com nível leve de autismo, em relação à
interação e comunicação social, apresentam prejuízos mas não necessitam de
tanto suporte. Têm dificuldade nas interações sociais, respostas atípicas e
pouco interesse em se relacionar com o outro.
Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade
para trocar de atividade, independência limitada para autocuidado, organização
e planejamento.
Nível 2 — Moderado
As pessoas com nível moderado de autismo, em
relação à interação e comunicação social, necessitam de suporte substancial,
apresentando déficits na conversação e dificuldades nas interações sociais, as
quais, muitas vezes, precisam ser mediadas.
Em relação ao comportamento podem apresentar
dificuldade em mudar de ambientes, desviar o foco ou a atenção, necessitando
suporte em muitos momentos.
Nível 3 — Severo
Os indivíduos com nível severo de autismo, em
relação à interação e comunicação social, necessitam de muito suporte,
pois apresentam prejuízos graves nas interações sociais e pouca resposta a
aberturas sociais.
Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade
extrema com mudanças e necessitam suporte muito substancial para realizar as
tarefas do dia a dia, incluindo as de autocuidado e higiene pessoal.
Além desses fatores, outros critérios específicos
para o diagnóstico de autismo são: prejuízo intelectual e de linguagem,
condição médica ou genética, outras desordens do neurodesenvolvimento ou
transtornos relacionados.
Como
é feito o diagnóstico de autismo
O diagnóstico de autismo é clínico e deve ser feito
por profissionais especializados por meio da observação da criança e conversa
com pais e familiares. Já no primeiro ano de vida é possível detectar alguns
sinais, como contato visual empobrecido, ausência de balbucio ou gestos sociais
e não responder pelo nome quando chamado, por exemplo.
Os pais observam pouco interesse em compartilhar
objetos e dificuldade em desviar o foco em atividades que interessam à criança.
Problema para dormir também é uma característica muito presente no autismo,
assim como seletividade para alimentos, medos excessivos e hipersensibilidade a
determinados barulhos ou estímulos.
Outros sinais relevantes para o diagnóstico de TEA
é a excessiva preferência por determinados objetos, texturas, cores ou jogos. Pode
ocorrer uma demora para engatinhar, andar, falar e até mesmo regressão da fala
entre 1 e 2 anos.
O médico especialista fará o diagnóstico baseado
nas conversas com pais e na observação desses sintomas, organizados no DSM-V.
Não existem exames de laboratório que confirmem o autismo, sendo um diagnóstico
clínico feito pela observação da criança em diferentes ambientes.
Muitas vezes o diagnóstico acontece quando a
criança já está na escola, sendo o papel dos professores fundamental para
auxiliar na identificação de sinais que possam indicar o TEA.
Para entender sobre como lidar com o diagnóstico de
autismo, clique aqui.
Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5:
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
SILVA, Micheline and MULICK, James A..
Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e considerações
práticas. Psicol. cienc. prof. [online]. 2009, vol.29, n.1 [cited
2020-10-01], pp.116-131.
Transtorno do Espectro do Autismo. Manual de
Orientação Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e
Comportamento.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL:
https://institutoneurosaber.com.br/dsm-5-e-o-diagnostico-no-tea-2/
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